Dia Internacional da Educação: Cuidar dos futuros da educação

24-1-2025

Dia Internacional da Educação: Cuidar dos futuros da educação

A FNE e a AFIET promoveram na tarde de 24 de janeiro de 2025, o webinário "Que futuros para a Educação?", de celebração do VII Dia Internacional da Educação, com Margarida Mano (Vice-Reitora da Universidade Católica Portuguesa) e Paulo Santiago (Direção da Educação e Competências da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), como oradores convidados e Joaquim Santos, Secretário-Nacional da FNE que, por imprevisto de última hora, substituiu José Manuel Cordeiro, Vice Secretário-Geral da FNE, como moderador.

Englobado nas celebrações mundiais do VII Dia Internacional da Educação, esta conferência online permitiu a todos os participantes conhecerem as visões dos dois oradores relativamente aos caminhos dos futuros da educação. Se para Margarida Mano "não haverá educação de futuro sem bases de conhecimento", para Paulo Santiago "é preciso lutar para termos bons docentes nas escolas e um adequado investimento público associado".

O representante da OCDE, que participou via zoom em direto de Paris, abriu o debate centrando-se nos desafios e prioridades na perspetiva da sua organização para a transformação educativa. 

Paulo Santiago apontou então na direção de três pontos: contexto, desafio educacional e desafios e prioridades para a transformação educativa, num trabalho que é baseado em evidências reunidas na base de dados da OCDE.

"O mundo em que vivemos, permanentemente em mudança condiciona o que os sistemas de ensino têm para desenvolver nos alunos, mas também em tudo o que são aprendizagens ao longo da vida", sublinhou, acrescentando uma análise com base em resultados do PISA 2022 relativa aos gastos com educação, assim como formas de garantir a relevância dos sistemas educativos.

A distração por dispositivos nas aulas de matemática, um tema muito em voga em Portugal nos tempos que correm, foi analisado e compreendido que a utilização digital por além de quatro horas nas escolas começa a provocar resultados negativos no desempenho dos alunos. Ainda no capítulo das mudanças sociais, Paulo Santiago referiu as bases para responder à diversidade dos alunos, assim como formas de compensar a desvantagem educativa.

Portugal foi ainda assinalado, na apresentação de Paulo Santiago, como um dos países onde a escassez de recursos humanos e pedagógicos nas escolas apresenta grandes desafios para os alunos com níveis socioeconómicos mais baixos, apesar de não ser dos piores nesse ponto. Os recursos digitais foram ali um foco na apresentação de Santiago, que apontou ainda o facto de as escolas desfavorecidas terem maior falta de recursos digitais.

O desenvolvimento de capacidades em cada agente educativo e a promoção do profissionalismo docente foram outros dos aspetos analisados. A fechar ficou a nota de que os alunos vão ficando cada vez mais até ao fim da escolaridade obrigatória, algo que se reflete na proporção de jovens sem diploma no ensino secundário. Quanto à Inteligência Artificial (IA), Paulo Santiago é de opinião de que ela tanto pode unir como separar, dependendo da nossa capacidade humana dela retirar o melhor que nos pode dar.

Não haverá educação de futuro sem bases de conhecimento

Margarida Mano começou por dizer no seu espaço que "a educação para o futuro é uma educação ao nível das políticas públicas, como ficou traduzido por Paulo Santiago, das direções, das lideranças, na sala de aula, na relação com dos professores com alunos". A Vice-Reitora da Universidade Católica deixou vários reptos no lançamento da sua apresentação tais como "devemos construir vários futuros para a educação? ou devemos escolher um de vários futuros para a educação?". 

A ex-Ministra da Educação defendeu que "se queremos contribuir com políticas para um dos futuros políticos, acabamos na análise de cenários e a perspetivá-los no tempo". E depois de uma análise "histórica" sobre os avanços e recuos do sistema educativo no século XX e já XXI abordou o futuro para as escolas e escolaridade, para os professores e ensino e para a governação da educação, abrindo vários cenários relativos aos temas.

"A escola de hoje pode ser muito diferente da escola daqui a 20 anos, principalmente pelo impacto da tecnologia”, sustentou Margarida Mano, acrescentando que "há muitos cenários feitos que podem ajudar os políticos, sindicatos, professores nas salas de aula" e que "a tecnologia vai ser uma aliada poderosa, mas exige inclusão, assim como a educação terá de ser um motor da igualdade e sustentabilidade".

O Dia Internacional da Educação "tem subjacente a ideia de que o planeta precisa ser cuidado, mas também refletir sobre sermos uma comunidade interdependente e que por isso não chega defender a educação no nosso ‘cantinho’, mas sim como um direito humano, como uma forma de garantir o desenvolvimento económico, ambiental e social do mundo, ideias que infelizmente são hoje em dia colocadas em causa por países importantes".

Também a IA foi tema para Margarida Mano, para quem esse instrumento "tem de preservar a autonomia humana num mundo de automação", acrescentando que "na próxima década as tecnologias podem alterar profundamente o setor da educação que com isso se deverá tornar mais acessível, mais baseada em dados, mais imersiva e apesar de mais automatizada não será menos humana".

Preparar as gerações para o futuro, com formação, autonomia, de uma forma humanista, socialmente justa, assente no conhecimento, serão fatores fundamentais de transformação na educação, segundo Margarida Mano.

O webinário fechou com um conjunto de questões colocadas pelos participantes e para as quais os oradores deixaram respostas que podem ver ou rever no vídeo completo desta iniciativa online, com que a FNE/AFIET mais uma vez marcaram este VII Dia Internacional da Educação.


Veja ou reveja aqui o Webinário completo e leia no JORNAL FNE de Janeiro de 2025 a reportagem completa