31-5-2023
Relacionados
A FNE e a AFIET (Associação para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho) promoveram, a 26 de maio de 2023, o webinário "O desafio educativo de escrever para crianças", que teve Joana Nogueira (Professora e escritora de livros para crianças) como oradora convidada, numa sessão que contou com o Professor Doutor Rui Maia, do Centro de Formação da FNE, na moderação.
E abrir, a Mestre em História da Educação e da Pedagogia, lançou a questão: O que seria do mundo sem histórias? lembrando que "todos somos uma história". E a propósito "ainda esta semana tive o prazer de estar numa universidade para falar sobre bibliotecas humanas. Mas em que é que isto consiste? É de facto uma ideia fantástica, porque cada livro tem a sua história e somos nós que a construímos. A nossa experiência se for pobre, não temos muito para contar, mas cada um acaba por ter um mundo dentro de nós e somos as palavras que temos para contar aos outros".
Segundo Joana Nogueira, numa consideração inicial neste webinário, cada vez mais a educação deve ser motivadora de saberes, adaptados às circunstâncias atuais, uma vez que são os pilares das competências do futuro e que permitem que o aluno se torne mais autónomo no seu desenvolvimento individual e coletivo.
Ao longo da vida, o ser humano explora diversas situações, de forma a atualizar e enriquecer os seus conhecimentos para se adaptar a um mundo sempre em mudança, "mas somos nós que fazemos que as coisas aconteçam. Temos de dar o passo à frente, mas nós, professores, nem sempre temos tempo para acompanhar ou estar sempre em formação sobre certos temas. Mas temos alunos que percebem mais do que nós e temos de 'apanhar o comboio' para dar lhes dar respostas".
Depois, a oradora convidada fez uma breve retrospetiva histórica do livro, mostrando a origem e o momento em que a literatura infantil ganhou destaque (séc.XVII) através de contos e fábulas mostrando às crianças o que era o bem e o mal. Alguns autores famosos de sucesso literário para crianças foram os Irmão Grimm, Hans Christian Andersen e Charles Perrault. Contrariamente ao que se pensa, a literatura para crianças é um género maior, envolvendo o mito, a lenda, a fábula, o apólogo, o conto, a crónica ou a novela.
Depois, Joana Nogueira apontou alguns lembretes que devemos ter em atenção enquanto escrevemos, "mas eu senti dificuldades no início da minha carreira para transmitir a mensagem da educação musical no 2º ciclo. Agora já existem atividades extracurriculares, mas no meu tempo inicial não existia nada", acrescentando que "quando fiz o mestrado em Salamanca, o meu orientador dizia-me que o importante não era o que ia fazer, mas sim fazer algo que não ficasse na gaveta". Depois, a conversa levou-nos para o trabalho interdisciplinar "que eu considero muito importante porque o trabalho entre equipas de artes e de letras, por exemplo, pode dar resultados ótimos. Sei que muitas das vezes é complicado, mas temos de tentar conjugar". E o livro "quando chega às nossas mãos, é fruto de um trabalho interdisciplinar. Temos a literatura, a escrita, as ideias, várias construções que têm de ser lidas pelo ilustrador que é alguém fundamental porque tem de saber ler e dar corpo ao que escrevemos. Às vezes a pessoa não lê bem o que temos".
Joana Nogueira falou depois do seu projeto Artístico em educação" que pretende levar a leitura, a música e também a parte plástica às escolas. com base numa ideia de que "por ter sido eu a escrever, não tenho de ser eu a contar. É um material em que o escritor pode ser substituído por um leitor que vai interpretar de outra forma". Pensar numa história "é pensar no livro inteiro, que mãos vão andar ali e que aquando pensamos um livro inclui um contexto histórico e social e caso necessário, cruzar com outros conhecimentos", disse "houve ideia de escrever um livro infantil construído com base na importância da literatura para crianças e como conjugar a literatura e a música. Não é preciso perceber nada de música para chegar perto das crianças e falar de música".
Por outro lado, ao pensarmos escrever um livro temos de ter em conta que a literatura infantil está ligada à educação e que produzir conhecimento e crítica sobre ela, enriquece o trabalho de literatura na escola.
A chamada literatura infantil tem um papel fundamental na formação das crianças, seja no desenvolvimento de capacidades e competências cognitivas, seja emocional, seja social. As obras garantem um mundo de imaginação e de aprendizagem, auxiliadores no crescimento e na própria construção da identidade das crianças, desempenhando igualmente um papel insubstituível na promoção dos hábitos de leitura. "Sou muita apologista de atividades pequena que surtam efeitos, porque é nisso que muitas vezes as crianças agarram".
Depois a também professora, falou um pouco sobre a dimensão material e literária do livro que deve sempre contar com um mediador, que deve ser um professor, que ajude a criança a entender como ler ou manusear o livro, defendendo que "a literatura dever fazer parte do conteúdo social na escola e não do obrigatório, com iniciativas que chamem as crianças aos livros.
A parte final foi de debate controlado pelo Professor Rui Maia colocando um conjunto de perguntas e reflexões assumidas pela audiência e que incluíram questões à volta da forma como as crianças são ouvidas para estes projetos, como se levam os novos escritores à escola ou de que forma os livros infantis marcam e são lições de vida para os adultos.
Categorias
Destaques