A crise na Educação em debate

19-10-2012

A crise na Educação em debate

Nos dias 18 e 19 de outubro, mais de 100 dirigentes sindicais de todo o mundo estão em Bruxelas a analisar os efeitos da crise sobre a educação, partilhando experiências vividas em diferentes países, aprofundando o conhecimento das origens e razões dessa mesma crise e procurando formular pistas de trabalho para o futuro.

O segundo dia de trabalhos iniciou-se com uma conferência de Carol Bellamy, que foi directora geral da Unicef e que hoje é coordenadora do projeto Parceria Global para a Educação. A principal preocupação aqui debatida correspondeu à diminuição generalizada do financiamento da educação, ao mesmo tempo que subiu a exigência de qualidade na educação, entendida como melhoria de resultados escolares na sequência de testes estandardizados.
Os trabalhos do segundo dia integraram ainda duas sessões em painel. No primeiro, subordinado ao tema do impacto da crise económica na educação e no desenvolvimento, intervieram Haldis Holst (Sindicato Norueguês da Educação), David Archer (membro da ActionAid), Teopista Birgungi (secretária geral do Sindicato de Professores do Uganda), Marième Dansokho (secretária geral do Sindicato de Professores do Senegal) e Karen Mundy (professora de liderança no Instituto de Estudos Pedagógicos de Ontario - Canadá). Mais uma vez, o que foi comum às intervenções foi a verificação de que o desinvestimento em educação é uma realidade em vários países e vários continentes, embora o discurso da qualidade esteja também sempre presente. Neste painel teve ainda particular relevo a ligação entre qualidade e os níveis de formação inicial e contínua dos professores.
O último painel desta jornada teve como oradores David Edwards (secretário geral da Internacional da Educação e antigo secretário internacional da NEA - Estados Unidos), e outros membros do Executivo da Internacional da Educação, Mugwena Maluleke (secretário geral do Sindicato Democrático dos Professores da África do Sul), Patrick Roach (secretário geral adjunto do NASUWT - Reino Unido), Eva-Lis Sirén (presidente do Sindicato dos Professores da Suécia) e Grahame McCulloch (secretário geral do Sindicato Nacional da Educação Terciária na Austrália). A sessão insistiu na necessidade de desenvolvimento de ações concretas por uma educação de qualidade, voltando a insistir-se na necessidade de procurar que essas ações sejam desenvolvidas em parceria e com apoio da sociedade, particularmente os pais.
O seminário terminou com uma intervenção do secretário geral da Internacional da Educação, Fred Van Leeuwen, o qual reafirmou que a austeridade não é nem o caminho nem a solução. Aliás, o que se tem de demonstrar é o falhanço da austeridade, o que é preciso é definir novas políticas de combate aos deficits, é preciso continuar investimentos públicos, nomeadamente na educação, é preciso combater eficazmente o desemprego e promover empregos de qualidade, é preciso procurar novas formas de obtenção de recursos através de novas políticas fiscais, acabando nomeadamente com os paraísos fiscais e com todas as formas de fuga ao fisco, é preciso investir na negociação coletiva.