João Dias da Silva: "Sem respostas rápidas e concretas, não deixaremos de continuar a lutar até que o governo reconheça a nossa razão"

11-2-2023

João Dias da Silva:

Recorde aqui o discurso de João Dias da Silva, Secretário-Geral da FNE, no final da grande manifestação de 11 de fevereiro de 2023, em Lisboa:

"Todos disseram até agora e é sempre afirmado que o papel do professor é essencial para a construção da sociedade.

Os educadores e professores portugueses provam-no todos os dias no trabalho inexcedível que desenvolvem nas nossas escolas.

É com o seu trabalho que ultrapassam as enormes insuficiências de um sistema de educação e formação no qual tão pouco se tem investido ao longo de tantos e tantos anos.

Muita gente e muitos políticos reconhecem esse enorme esforço e essa enorme  mobilização.

Mas o que falta, o que tem faltado é que esse reconhecimento se traduza na sua valorização.

E é por isso que os educadores e professores portugueses acumulam hoje na sua insatisfação, quer a sucessão de políticas erradas na gestão da carreira docente, quer a ausência de medidas adequadas aos problemas que há muito foram identificados.

Faz todo o sentido dizer que se querem melhor educação, tratem bem os que cá estão!

Não pode mais continuar a precariedade.

É preciso que os jovens professores tenham direito a uma perspetiva de emprego estável.

É preciso que se assegure um regular desenvolvimento das carreiras que reconheça o trabalho que é realizado todos os dias com enorme empenho.

É preciso que a aposentação seja atingida em tempo e em condições que permitam a vida com dignidade.

É preciso que se respeitem os limites do tempo de trabalho e que se promova realmente a conciliação do tempo de vida profissional com o respeito pela vida pessoal e familiar.

Nos tempos difíceis sempre dissemos presente! Agora temos direito a um futuro de valorização!

É preciso desenhar um horizonte de justiça e de respeito para o futuro de todos nós.

É preciso acabar com o desalento que a sucessão de políticas erradas tem instalado entre todos nós.

Nós não desistimos de chamar o Governo às suas responsabilidades para termos educadores e professores devidamente valorizados.

Porque não desistimos de que é preciso rever, corrigir e aumentar os salários dos professores portugueses.

Porque não desistimos de fazer com que a carreira docente volte a ser atrativa e haja mais jovens a entrar na profissão docente.

Porque não desistimos de acabar com a insatisfação, com as múltiplas insatisfações que marcam a vida profissional de milhares de educadores e professores.

Porque não desistimos do tempo de serviço que realizámos nas nossas e que continua sem ser considerado para a nossa carreira.

Porque não desistimos de querer uma carreira que respeite e valorize o trabalho que todos os dias realizamos com os nossos alunos.

Porque não desistimos de exigir o tempo que é indispensável para o trabalho por causa dos nossos alunos, em vez de sermos controlados para todo o tipo de burocracias.

Porque não desistimos de acabar com a precariedade e com a instabilidade.

Porque não desistimos do direito a apoio económico para os mlhares de professores obrigados a a viverem deslocados para que as nossas escolas funcionem.

Porque não desistimos de ter direito a uma aposentação digna e que valoriza o nosso percurso profissional.

Porque não desistimos do direito a termos condições de mobilidade em situações de doença.

Temos, portanto, toda a razão para estar aqui hoje, porque este Governo não há meio de abrir os olhos e agir com medidas concretas que visem a valorização da nossa carreira e das nossas condições de trabalho.

Estamos seguros de que uma educação de qualidade passa necessariamente por educadores e professores reconhecidos e valorizados e que esse reconhecimento e valorização tem de ter respostas rápidas e concretas por parte do Ministério da Educação.

 
Sem essas respostas rápidas e concretas, não deixaremos de continuar a lutar até que finalmente o governo reconheça a nossa razão

 
Não desistimos da nossa profissão.

Não desistiremos de a defender!

 
Viva os educadores e professores portugueses!"