FNE faz balanço negativo do ano letivo 2022-23 e anuncia iniciativas já para o início de setembro

31-7-2023

FNE faz balanço negativo do ano letivo 2022-23 e anuncia iniciativas já para o início de setembro
A FNE promoveu esta manhã, no Porto, uma Conferência de Imprensa para fazer um balanço do que foi o ano letivo 2022-23 ao nível das negociações com o Ministério da Educação e de outras matérias, assim como para apresentar os resultados da Consulta Nacional realizada a docentes no mês de julho de 2023 e as próximas iniciativas sindicais que vão começar já no início de setembro de 2023.

LUSA/FNE | O Secretário-Geral da FNE, Pedro Barreiros, previu, em Conferência de Imprensa realizada no Porto a 31 de julho, um arranque do novo ano letivo com "repetição de problemas" nas escolas, à semelhança dos vividos este ano, atribuindo as culpas à incapacidade do Governo para resolver problemas.

"Espera-se um início do próximo ano com repetição de problemas, insuficiências e fragilidades há muito identificadas pela FNE, porque o Ministério da Educação e o Governo, em geral, foram incapazes, a tempo e horas, em diálogo e concertação, definir políticas concretas com respostas e soluções", considerou Pedro Barreiros.

O líder da FNE deu como exemplo "a inflexibilidade demonstrada ao não querer assumir processos negociais de matérias que visem a valorização das carreiras", tornando pública a sua preocupação "com a indisponibilidade negocial do Governo" e apelando a um processo que "permita, antes do arranque do próximo ano letivo, a pacificação das escolas e dos seus profissionais" através de "medidas de valorização da carreira docente" e do "combate à falta de professores".

Pedro Barreiros mostrou ainda abertura para se reunir com o Governo no decorrer do mês de agosto, durante uma conferência de imprensa que também serviu para fazer um balanço do ano letivo 2022/2023, que hoje termina oficialmente.

"Este ano letivo ficou marcado pelo agravamento das condições de funcionamento das escolas, onde ao problema da falta de professores, se juntou a perturbação das comunidades educativas, pela indisponibilidade do Governo e do Ministério da Educação, em garantir melhores condições de trabalho e valorização das carreiras dos profissionais da educação", afirmou Pedro Barreiros no auditório do Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN), no Porto.

Este foi um ano "em que celebrámos vários acordos ao nível particular e social que ajudaram em muito os colegas que representamos e ao nível do Pessoal de Apoio Educativo verificaram-se constrangimentos não só devido à falta de profissionais, como também à complexidade e alguma falta de transperência naquilo que foi a transferência de competências para as autarquias e soubemos já positivamente que será assumida a consolidação das mobilidades destes profissionais pelo menos até ao final deste ano civil, existindo a possibilidade de se encontrar uma solução para estes trabalhadores para os próximos anos letivos", sublinhou.

O secretário-geral da FNE assinalou ainda as dificuldades "nas condições de vida e trabalho dos profissionais da educação, tendo provocado impactos negativos, não só ao nível do processo de ensino e aprendizagem, como também ao nível da carreira, ao nível social e económico".

Questionado sobre a perturbação sentida pelos alunos e consequência para as suas aprendizagens, Pedro Barreiros disse que "ao contrário do que aquilo que foi tentado passar para a opinião pública, não teve como origem as greves dos professores".

"Se no outro prato da balança [do lado do Governo] verificarmos quantos alunos é que não tiveram professores, não em virtude das greves, mas porque o Ministério da Educação não conseguiu lá colocar nenhum professor, aí tivemos alunos que estiveram meses sem professores", argumentou.

Também o Ensino Português no Estrangeiro (EPE) teve nota nesta conferência com Pedro Barreiros a recordar "algo com que temos vindo a deparar que é a falta de articulação entre Ministério da Educação, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Instituto Camões. O que queremos fazer no âmbito da FNE é convidar estas instituições para reunir connosco e sem qualquer 'tabu' resolver os problemas dos professores no estrangeiro que têm sido tão maltratados".

Quanto a ações de luta, além das greves coordenadas com outras organizações sindicais e a instalação de cartazes em cada capital de distrito, a FNE lançará em nome próprio uma campanha intitulada "O futuro começa na escola" com vários materiais e que levará a FNE a um diálogo próximo com os professores e pessoal de apoio educativo, nas escolas pois "aquilo que era antigamente visto como uma paixão e carinho, é agora uma desilusão e queremos que os mais jovens olhem para esta profissão como um desafio interessante e uma solução para o seu futuro profissional", afirmou. Também no Dia Mundial do Professor, a 5 de outubro, "temos previstas várias iniciativas desde o hasteamento da bandeira 'Obrigado, Professor', de um concerto e de mais eventos ligados a este dia".


A 8 de setembro a FNE lançará a 'empreitada" do IP6-6-23 [seis anos, seis meses e 23 dias por recuperar de tempo de serviço], uma obra que "custará milhões", ironizou Pedro Barreiros. Trata-se de um cartaz a colocar, no nó do IP3 com o IC6, numa crítica às declarações do primeiro-ministro, António Costa, em 2018, onde afirmou que ao requalificar o IP3 o Governo decidia "não fazer outras evoluções nas carreiras ou nos vencimentos".

A conferência de imprensa serviu também para apresentar o inquérito 'online' da FNE, que revelou que a burocracia foi o maior problema sentido no último ano letivo pelos professores, tendo o secretário-geral dito que será feito um novo em outubro deste ano.

 

JE (IMA) // ZO

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Conferência de Imprensa da FNE completa




RTP | Já há ameças de greve para o novo ano letivo



ANTENA1 | A Federação Nacional de Educação estranha a disponibilidade do Presidente da República em promulgar o diploma sobre a progressão da carreira dos professores. O secretário-geral da FNE diz que os docentes deviam saber ao certo quais foram as alterações aprovadas pelo Governo, depois do primeiro veto de Marcelo Rebelo de Sousa.