O futuro da educação em Portugal está em risco...

15-4-2024

O futuro da educação em Portugal está em risco...
Sabemos que a tendência crescente do envelhecimento do corpo docente obriga à renovação dos quadros das escolas ao longo dos próximos anos. A falta de professores qualificados ameaça a qualidade do ensino e o desenvolvimento das próximas gerações.

Os últimos números revelam que no primeiro trimestre deste ano se aposentaram aproximadamente 1.000 docentes. Se o ritmo se mantiver ao longo do ano de 2024, podemos estar perante o valor mais elevado do milénio, com a saída de cerca de 5.000 docentes para a aposentação.

O futuro e a qualidade da escola pública dependem das opções políticas que forem tomadas no que concerne ao modelo de formação inicial de professores. É crucial reconhecer a importância de uma formação inicial sólida e de nível superior que possibilite a aprendizagem da profissão nas suas várias vertentes.


Se nada for feito, as consequências serão graves:

  • Aumento do número de turmas sem professor

  • Sobrecarga dos professores existentes

  • Diminuição da qualidade do ensino

  • Dificuldade em garantir a diversidade de disciplinas e opções de ensino para os alunos

  • Aumento da desmotivação e abandono


    Conforme referido na recomendação do Conselho Nacional da Educação, urge:

  • Implementar medidas que contribuam para a valorização e para o prestígio da profissão docente, de modo a aumentar a sua atratividade e reforçar a adesão/procura e a retenção de novos profissionais.

    - Melhoria das condições de trabalho;
    - Criação de espaços de trabalho individual e coletivo nas escolas; 
    - Revisão dos índices remuneratórios em início de carreira;
    - Melhoria das condições de progressão;
    - Aproximação à área de residência;
    - Apoio para deslocações e alojamento.

  • Desenvolver políticas de acesso à formação inicial e à profissão que reconheçam a sua complexidade e exigência, através do estabelecimento de critérios adequados às funções docentes.


    É motivo de alarme a fixação do número de vagas para os cursos de "Educação Básica" em cerca de 1.000 vagas, o que se traduz num ligeiro crescimento relativamente ao ano de 2023. Um crescimento que não chega sequer a meia centena e que terá como consequência o agravamento da falta de professores.


    Chegados aqui e depois de anos sucessivos de desvalorização da carreira docente, é urgente e primordial voltar a torná-la atrativa.

    Ao nível das condições salariais, ingresso, desenvolvimento da carreira, formação e condições de trabalho, porque só com esses estímulos se poderá atrair os mais jovens para a profissão, garantir a permanência dos atuais e eventualmente recuperar os que a abandonaram.


    Precisamos agir agora para evitar que a crise da falta de professores se torne irreversível.



    Pedro Barreiros
    Secretário-Geral da FNE


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