Otimismo transformado em desilusão

12-10-2023

Otimismo transformado em desilusão
É hora de superar a desilusão e trabalhar para construir um sistema educativo sólido e justo, no qual os professores sejam valorizados e os estudantes recebam a educação de que precisam e merecem.

O ano letivo passado foi, inicialmente, marcado pela esperança, particularmente devido à promessa, feita pelo Governo, de implementação de mecanismos de correção de assimetrias na carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário, que se deveriam ter traduzido, numa primeira fase, no reposicionamento na carreira de milhares de professores que foram ultrapassados por outros com menor tempo de serviço.

No entanto, o Decreto que delineava esses termos trouxe consigo uma linha de otimismo que rapidamente se transformou em desilusão. Constatou-se que a dita correção de assimetrias se alterou para a tal proposta de “mecanismos de aceleração em carreira” que, ao invés de corrigir as assimetrias e recuperar o tempo de serviço trabalhado e que continua congelado, apresentou-se como um dos maiores ataques à Carreira Docente. O Ministro da Educação assumiu publicamente que apenas 50% dos professores poderiam aspirar chegar aos últimos três escalões da carreira (constituída por 10 escalões), traduzindo-se num novo topo da carreira para os restantes 50%, que passaria a ser o 7.º escalão.

Olhando para o início deste novo ano letivo e para os meses que aí vêm, consideramos ser crucial superar os muitos problemas já identificados atrás. Neste sentido, reafirmamos ser crucial a revitalização do diálogo entre o Governo e as organizações sindicais representativas dos professores.

Queremos, urgentemente, o regresso à tranquilidade no funcionamento das nossas escolas, ultrapassando as circunstâncias que se verificaram ao longo dos últimos meses. A FNE reitera que não pode aceitar um tratamento que desconsidera a importância da carreira docente e prejudica os docentes que tiveram o seu tempo de serviço congelado.

É preocupante observar que o Governo está a demonstrar “teimosia” de forma continuada, ao não evoluir na sua abordagem. Isso coloca em causa a tranquilidade nas escolas, criando um ambiente de incerteza e descontentamento.

A frustração da esperança dos professores não pode ser ignorada. Pelo contrário, deve servir como um alerta para a ação de todos os envolvidos no sistema educativo. É urgente transformar a deceção em realização e oferecer uma educação de qualidade que todos merecem.


Pedro Barreiros
Secretário-Geral da FNE

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