O papel dos sindicatos para uma educação de interesse público

31-1-2013

O papel dos sindicatos para uma educação de interesse público

Continuou no dia 30 de janeiro, em Londres, uma conferência que envolve dirigentes de organizações sindicais da educação de países que fazem parte da OCDE.

O lema desta iniciativa é "Definir a educação para o interesse público", contando com a presença de 148 participantes de todo o mundo: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Noruega, Nova Zelândia, Polónia, Portugal, Reino Unido, Singapura, Suécia.

A delegação da FNE é constituída pelo secretário geral, João Dias da Silva, e pela vice secretária geral Lucinda Manuela Dâmaso.

O segundo dia de trabalhos iniciou-se com uma intervenção de Fernando Reimers, diretor do programa de políticas educativas internacionais da Escola Superior de Educação de Harvard.

O ênfase foi colocado na necessidade de se investir no aprofundamento das relações entre sindicatos e governos, porque é nestas condições que se têm encontrado soluções melhores e mais duráveis.

O orador aproveitou a oportunidade para fazer uma síntese histórica da evolução da ideia de abranger todos por ações educativas para além das da família, procurando provar que este é um projeto com muitos séculos de existência e que ainda não está concretizado.

Depois, identificou e debateu o que considerou serem os desafios à educação pública: ideologia; equilíbrio entre a equidade e o ajuste financeiro; aumento das expetativas democráticas particularmente em relação aos níveis de participação; a transformação do trabalho; inovação; demografia.

A finalizar os trabalhos, realizou-se um novo debate subordinado ao tema "Os sindicatos em período de crise financeira e de privatização", com Patrick Roach (Nasuwt, Reino), Ronald Schneider (TUAC), Christine Blower (NUT, Reino Unido) e Noel Ward (INTO, Irlanda).

O ponto de partida foi a verificação das dificuldades crescentes que os sindicatos estão a viver, com a menorização ou desconsideração, senão mesmo ataques de alguns governos, num tempo em que as tendências neo liberais assumem maior importância na condução dos Estados.

Neste quadro, foi sublinhada a necessidade de que os sistemas educativos não se sujeitem exclusivamente aos interesses dos empregadores, sem garantir formações de amplo espectro e que valorizem a elevação das qualificações. E é por este facto que os sindicatos de professores têm de se preocupar com a composição dos planos de estudos dos alunos.

Outro aspeto considerado foi o de uma orientação generalizada no sentido da privatização da educação que nalgumas circunstâncias se tem traduzido na entrega do serviço de educação a empresas sem qualquer experiência ou competências nesta área, com consequências graves nomeadamente em termos da exigência de qualificações adequadas para o ensino, ou de instalações com respeito pelas necessidades de um ensino de qualidade.

As apresentações neste debate realçaram particularmente as situações atuais de Inglaterra e da Irlanda.

Os intervenientes consideraram que o papel dos sindicatos deveria ser o de manter o diálogo com os governos, demonstrando que há outros caminhos para combater a crise (There is a better, fairer way), sem deixar de contestar na rua da forma que se se achar adequada. Foi considerado necessário intervir no sentido da alteração das políticas fiscais, particularmente combatendo a evasão fiscal.