A FNE participou na Conferência Internacional "BEYOND PISA RESULTS" (Para Além dos Resultados do PISA), que decorreu em 17 de maio de 2017 no CNE - Conselho Nacional de Educação, em Lisboa, no âmbito do projeto aQeduto - Avaliação, Qualidade e Equidade em Educação, uma parceria do Conselho com a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
A conferência contou com a participação de Andreas Schleicher, diretor de Educação e Competências da OCDE, e serviu para o debate sobre a relevância dos resultados PISA para a educação, desde a primeira edição trienal de 2000 até à sexta, referente ao ano de 2015, da qual foram já publicados (desde 6 de dezembro de 2016) três volumes de um total de cinco.
No seguimento do estudo Resultados Escolares Por Disiciplina - 2º ciclo do Ensino Básico 2014 - 15, recentemente publicado pela DGEEC (Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência), Ana Sousa Ferreira (aQeduto) sublinhou que a repetição de ano penaliza sobremaneira as famílias de baixo Estatuto Socioeconómico e Cultural (ESCS), que teve sempre um impacto acentuado nos scores do PISA, no que respeita à diferença das desigualdades, tanto em Portugal como em Espanha, França e Luxemburgo.
Por seu lado, João Batista (subdiretor da DGEEC) relembrou que a Matemática e o Inglês são as disciplinas com mais repetições no 2º ciclo, no ano letivo 2014-15. A FNE relembrou o relatório European Survey on Language Competences (ESCL), de junho de 2012, levado a cabo por um consórcio internacional e pela Comissão Europeia, feito a alunos preferencialmente do 9º ano, e que surpreendeu pelos baixos resultados nacionais no desempenho em Inglês e Francês, sendo por isso necessárias intervenções de política educativa neste campo.
João Marôco (IAVE) fez uma apresentação sobre os resultados portugueses no PISA 2015 região a região, demonstrando um padrão em grande parte deles, mas chamando também à atenção para alguns dados algo contraditórios. Uma grande parte da apresentação de João Marôco focou-se nas variáveis nacionais que explicam as diversas assimetrias.
A última apresentação da manhã coube a Tim Oates, da Universidade de Cambridge, que falou essencialmente sobre as limitações do PISA em múltiplos aspetos. Para Tim Oates, os governos têm que ter muito cuidado com a leitura dos resultados do PISA, podendo, em última instância, serem induzidos a tomar opções de políticas educativas contra os próprios interesses estratégicos nacionais.
A este respeito, Oates mencionou preocupações metodológicas nos testes PISA, problemas nas amostras, questões relacionadas com os modelos de medida e com a extrapolação de resultados ou em contrastes existentes nos resultados do PISA e do TIMMS.
Este investigador inglês tomou como exemplo a leitura de uma pintura em que vermos apenas 1/10 ou 1/20 não significa olharmos para o quadro no seu todo. "Temos que ter muito cuidado, porque o PISA só avalia alunos de 15 anos", referiu, lembrando que qualquer mudança em educação tem sempre um custo muito alto para cada país.
Patricia Perez-Gomes (Comissão Europeia) falou sobre a importância dos resultados do PISA na política da Comissão, tendo como pano de fundo essencialmente a Estratégia para a Educação e Formação 2020, mas salientando sempre que a política educativa na União Europeia é da responsabilidade de cada Estado-Membro.
No final da tarde, Andreas Schleicher tomou a seu cargo o tema da "Ciência no PISA 2015", mostrando-se surpreendido pelos excelentes resultados portugueses no PISA 2015, e dando Portugal com um bom exemplo dos pouco países que conseguem combinar dois fatores de difícil associação, como é o caso da excelência com a equidade.
A FNE esteve representada nesta conferência por Joaquim Santos.