A OCDE publicou, em 22 de outubro de 2020, o sexto volume do PISA 2018 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), intitulado “Estarão os jovens preparados para prosperar num mundo interligado?”, que se concentra pela primeira vez na avaliação das competências globais dos alunos. Os jovens portugueses surgem num grupo restrito de 12 países, por se sentirem mais próximos da comunidade que os rodeia e por ela se mostrarem os mais responsáveis.
Ao contrário dos principais relatórios do PISA, que enfocam a alfabetização dos alunos em leitura, numeracia e ciências, a avaliação de competência global e o questionário são uma afirmação direta da importância de os alunos adquirirem conhecimento sobre as sociedades globalmente e as competências para navegar num mundo complexo.
O que distingue o volume VI dos outros cinco volumes publicados anteriormente é que os dados que usa não são extraídos apenas dos testes principais do PISA e respetivos questionários, mas sim também de um único teste elaborado em separado.
Sessenta e seis países envolvidos no PISA 2018 participaram nesta avaliação de competências globais, sendo que desses apenas 27 eram membros da OCDE. Os países membros da OCDE que não participaram incluem a Bélgica, Dinamarca, EUA, Holanda, Japão, Noruega, República Checa, Suécia e o Reino Unido, com exceção da Escócia, que discordaram de alguns aspetos da origem da opção Competência Global, que gerou controvérsia.
Na base deste volume VI estiveram dois tipos de avaliação de Competência Global: um teste de competência cognitiva global específica do aluno e, por outro lado, um módulo de competência global inserido no questionário principal do PISA. Deste modo, alunos em 27 países completaram o teste mais o questionário e alunos em outros 39 países completaram apenas o módulo de competência global no questionário do aluno.
Além disso, os principais questionários do PISA – feitos a diretores, pais e professores (questionário opcional) incluíram questões sobre a competência global. As perguntas elaboradas a professores focaram-se essencialmente no desenvolvimento profissional, suas crenças multiculturais e igualitárias, formação, autoeficácia em ambientes multiculturais e atitudes em relação aos imigrantes.
O objetivo da avaliação das Competências Globais foi o de examinar a capacidade dos alunos de considerar as questões locais, globais e interculturais, compreender e apreciar as diferentes perspetivas e visões de mundo, interagir respeitosamente com os outros e tomar ações responsáveis para a sustentabilidade e bem-estar coletivo. O objetivo principal deste estudo é, no fundo, o de encorajar os alunos a abraçar a diversidade e a multiplicidade das sociedades.
Numa primeira apreciação ao volume VI, a Internacional da Educação (IE) nota que provavelmente, o argumento mais direto e poderoso que a OCDE faz está contido no Prefácio do seu Secretário-Geral (SG), Angel Gurría. Observando que o PISA 2018 descobriu que apenas 1 em cada 10 alunos nos países da OCDE conseguem distinguir entre facto e opinião, Angel Gurría regista que “o tipo de coisas que são fáceis de ensinar também são hoje fáceis de digitalizar e automatizar”.
Descrevendo a Inteligência Artificial (IA) como eticamente neutra, o SG da OCDE observa que “a IA está nas mãos dos que não são neutros. Isso é porque a educação do futuro não é apenas sobre ensinar as pessoas, mas também sobre ajudá-las a desenvolver uma bússola confiável para navegar num mundo cada vez mais complexo, ambíguo e volátil... e se a IA destruirá ou criará mais empregos isso dependerá muito se a nossa imaginação, a nossa consciência e o nosso senso de responsabilidade irão aproveitar a tecnologia para moldar um mundo melhor”.
Por seu lado, a IE sublinha que “o conceito de competências globais é uma refutação explícita ao venenoso nacionalismo populista antidemocrático que surgiu em vários países. Este volume VI do PISA 2018 fornece um suporte implícito poderoso para a profissão docente e para as ações das suas organizações, no sentido da criação de políticas educativas que contribuam para engrandecer uma educação de qualidade para todos”.
Com seis volumes publicados, o PISA 2018 bateu o recorde de número de publicações desde o primeiro PISA 2000.
PISA 2018, Vol.6