"No futuro o desenvolvimento vai assentar no conhecimento"

14-5-2018

Auditório cheio no ISCAC - Coimbra Business School, em Coimbra, para receber a quinta Conferência do Ciclo de Conferências 2018, com o tema "Educação e Formação para um desenvolvimento sem desigualdades" e que tem levado a vários locais do país o desafio do debate sobre o futuro da Educação em Portugal.

O Secretário-Geral da FNE, João Dias da Silva, abriu a sessão alertando para a necessidade cada vez maior de se discutir a educação e quais as melhores formas de aumentar a formação e a qualificação sem desigualdades. Presentes na mesa de abertura estiveram também Manuel Castelo Branco, Presidente do ISCAC, que defendeu que sem educação não há desenvolvimento económico; Jorge Santos, Vice-Presidente do SPZC - que fez questão de deixar uma palavra de apoio para José Ricardo, Presidente do SPZC, ausente por motivos de saúde - realçou que é essencial mudar o papel da educação de forma a impedir desigualdades; Carlos Silva, Secretário-Geral da UGT afirmou que é uma desigualdade o Estado não valorizar nem tratar bem os seus trabalhadores, acrescentando que o grande problema é as finanças terem capturado o social retirando alguma capacidade para se alcançar uma escola com mais qualidade.

Fechada que estava a sessão de abertura foi a vez do primeiro convidado, Rui Antunes, Presidente da Escola Superior de Educação de Coimbra, trazer novos dados ao debate. O conferencista expôs dados que demonstram fatores que levam a desigualdades como o género, habilitações académicas e a idade. Segundo os números apresentados por Rui Antunes, quanto maior for a formação, maior é a probabilidade de empregabilidade, sendo este um dos maiores fatores de diferenciação que a educação provoca. O Presidente da Escola Superior de Educação de Coimbra apresentou ainda dados estatísticos que definem que quanto maior é o nível de educação, menos problemas as pessoas irão ter de depressão devido à satisfação que sentem com a vida. Para Rui Antunes, todas estas desigualdades são problemas fulcrais que cabe à escola resolver.

A intervenção do primeiro convidado foi comentada por um painel composto por Jorge Castilho (Jornalista), Fernando Manuel Cortez Rovira (Diretor do Agrupamento de Escolas de Mira), Olinda Martinho Rio (SINTAP) e José Manuel Matos de Carvalho (SPZC/FNE) onde foi unânime a concordância com tudo o que foi dito na intervenção, realçando a surpresa face a alguns dos números apresentados relativamente aos fatores de desigualdade no acesso aos empregos e salários. Os comentadores defenderam ainda a ideia de que é necessário adaptar a escola à heterogeneidade que se criou nos últimos anos ao nível dos alunos sendo que é necessário trabalhar com os alunos na sala, mas também fora dela.
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Margarida Mano, membro da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência e antiga Ministra da Educação, colocou a questão: Qual a missão da educação? A resposta, para a própria, é preparar gerações para o futuro. Para a antiga Ministra, tudo está a acontecer a uma velocidade elevada e é necessário tomar cada vez mais atenção a qual o melhor caminho para preparar cada aluno e para responder aos problemas desse futuro. A conferencista, através do chamado 'gráfico do elefante' mostrou que com a globalização o mundo está menos pobre, diminuindo as desigualdades em termos médios apesar de ter diminuído de forma desigual. Margarida Mano defendeu ser muito importante reforçar o papel do professor na sala de aula, acrescentando ainda que no futuro o desenvolvimento vai assentar no conhecimento e isso vai colocar a escola num lugar primordial na sociedade.

Lino Vinhal (Diretor do Jornal Campeão das Províncias), Fernando Miguel Pereira (SBC), Mário Jorge Silva (SPZC/FNE) e Fátima Carvalho (SPZC/FNE) constituíram o segundo painel de comentadores. Destaque para a intervenção de Lino Vinhal que defendeu o ensino profissional e a sua importância, por muitos desvalorizada, comentário que arrancou aplausos à plateia. Todo o painel concordou com as ideias apresentadas por Margarida Mano salientando a necessidade de preparar o futuro da educação esbatendo as desigualdades e criando soluções para resolver os problemas que existem e que ainda vão surgir, colocando a tónica final dos comentários no papel que os professores vão ter, pois o futuro é hoje e é necessário que os docentes se adaptem às novas tecnologias, mas nunca permitindo que a inteligência artificial os ultrapasse, pois o humanismo de um professor é algo inatingível por qualquer máquina futurista.

A sessão de encerramento contou com José Gaspar, Vice-Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, Jacinto Santos, Presidente da UGT-Coimbra, Jorge Alves, Vereador da Educação da Câmara Municipal de Coimbra e Lucinda Manuela Dâmaso, Presidente da UGT. A principal mensagem no final desta conferência centrou-se na conclusão de que é necessário realizar uma reflexão conjunta, assim como realizar investimento na educação e formação, perceber o que se pretende do ensino profissional e qual o papel deste no futuro da educação.