19-12-2017
O Secretário-Geral da FNE, João Dias da Silva foi quem deu as boas-vindas a este debate aos representantes dos sete sindicatos de docentes e não docentes presentes na sala.
No discurso de abertura, João Dias da Silva mostrou o grande objetivo desta Conferência: Tornar as uniões melhores, mais efetivas e perceber o que se pode fazer para melhorar o que não está bem. O representante máximo da FNE abriu a porta à discussão dizendo que cada União tem a sua dinâmica e daí a importância de se ouvir as perspetivas de 3 Presidentes UGT de três zonas diferentes do país.
Em seguida tomou a palavra o Secretário-Geral da UGT, Carlos Silva, que deixou claro na abertura do discurso que 'as Uniões não substituem a Central' referindo ainda que as Uniões não podem ser uma luta de poder e muito menos serem permitidas 'guerras de bastidores'. Carlos Silva alertou que as Uniões são 'um patamar de trabalho' e que 'se for preciso fazemos 10 ou mais Conferências para vislumbrar o que queremos para a Educação' acrescentando que 'temos muito para fazer nos vários distritos pois existem 2 países dentro do país: a parte litoral que recebe muito e o interior que está esquecido. Temos de saber o que fazer para melhorar isto e que papel podemos ter no futuro' deixando depois uma palavra para a FNE: 'A FNE sabe o que quer e tem tido um papel de cada vez maior relevo na luta por melhor Educação'.
'Há Uniões que precisam apanhar o comboio'
O tema 'Uniões UGT - porque nasceram e para que servem' ficou entregue aos Secretários Executivos da Central, Mendes Dias e Paula Viseu.
Mendes Dias foi o primeiro a tomar a palavra falando um pouco sobre para que servem as Uniões. A resposta de Mendes Dias foi 'as Uniões têm a missão de coordenar' dizendo depois 'que existe um défice importante que é o de não conhecerem o trabalho umas das outras'. O Secretário-Executivo afirmou que faltou na criação das Uniões mais ligação com os sindicatos. Mas que é do sindicato um papel fundamental que é o da dinamização. Cabe aos sindicatos criar maior ligação de forma a colaborarem para que as Uniões consigam 'apanhar o comboio' com novas formas de relacionamento acabando a sua intervenção revelando que 'há Uniões que necessitam do apoio da UGT. É necessário mais intervenção'.
Paula Viseu começou por referir que algumas Uniões parecem Delegações pois para a Secretária-Executiva 'não deram o salto'. E expôs algumas das principais preocupações que vê na atual situação das Uniões: 'as pessoas mostram acima de tudo é crítica e indiferença relativamente à União. É necessário um secretariado mais ativo, para dinamizar mais, cabe aos secretariados mexer mais, espevitar as massas' concordando com Mendes Dias no que se refere à necessidade de se realizarem mais atividades, conferências e programas de rua pela União 'porque esta é a única forma de os trabalhadores sentirem que a União está atenta além de que nós, dirigentes, temos de estar mais perto' finalizou.
Após este debate lançou-se novo tema, desta vez 'Dinâmicas de Uniões UGT' que contou com a participação de Manuel Teodósio, Presidente UGT-Viseu, Amílcar Coelho, Presidente UGT-Leiria e Rui Godinho, Presidente da UGT- Setúbal. Coube a Manuel Teodósio a abertura da conversa, apresentando aos participantes o que a UGT Viseu tem conquistado e feito. Teodósio começou por referir que a UGT Viseu tenta oferecer sempre o máximo de dignidade nos locais que escolhe para eventos e que desde 2012 tem vindo a crescer com a criação do Office Center e do Training Center e já em 2016 do Skills Center que permite a realizaão de várias Formações, aulas de informática e sala de reuniões, além de um Gabinete de Inserção Profissional (GIP) com 1600 inscritos, um doa maiores fora Lisboa e Porto. Outro destaque apresentado por Manuel Teodósio foi a criação de um clube de Xadrez na sede da UGT Viseu e que já permitiu a mais de mil crianças jogarem Xadrez, recuperando uma velha tradição Viseense. A UGT Viseu oferece assim aos sindicatos vários espaços, salas de formação e publicidade às suas acções sempre sem intervenção na vida interna de cada sindicato.
Amílcar Coelho, Presidente da UGT-Leiria começou por descrever aquela delegação como 'viva, mas com problemas' dizendo ainda que 'se é preciso fortalecer, é porque há fraquezas e é para isso que aqui estamos, para suplantar este desafio'. Amílcar Coelho queixou-se que há falta de formação sindical vendo como necessária a aposta nessa vertente acrescentando que 'as oportunidades nascem no novo tempo sendo que há um problema de não capacitação, de fuga de competências. Temos de perceber que os interesses não podem estar acima das necessidades. É preciso ter o cuidado de conciliar' trazendo à conversa o 'Paradoxo Marshall', que conduziu a desigualdades.
A fechar as intervenções da manhã, Rui Godinho, Presidente da UGT-Setúbal. Godinho é o Presidente mais antigo em funções (8 anos) e começou por dizer que é muito importante que os Sindicatos participem nos órgãos, que mostrem pro atividade. E sugeriu a criação de um 'plano de ação' para as Uniões: 'É necessário ter instalações e uma Secretária a tempo inteiro' respondendo depois a uma pergunta colocada por si mesmo: 'O que pode a FNE fazer para ajudar as Uniões? Fácil. Os professores precisam de formação específica e apreciam muito essa possibilidade'.
'Precisamos de uma descriminação positiva em alguns pontos'
O ponto que abriu a tarde de Conferência foi 'A composição da participação da FNE nas Uniões-UGT- questões estatutárias e de representação. Coube a Dias da Silva o lançamento do tema dizendo que é preciso que os trabalhadores acreditem nos Sindicatos e se sintam representados. 'É importante perceber de que forma os podemos representar melhor. Não perder a ligação e entender quando é que os sócios não se estão a rever no que estamos a fazer'. Para o Secretário-Geral da FNE 'se não estamos próximos parece que não contam connosco. É muito necessário organizar as melhores respostas e que percebam que não resolvemos apenas o problema de um, mas de todos'.
O painel que debateu este tema era composto por Josefa Lopes, Presidente do SDPSul
Maria José Rangel, Vice-Presidente do SDPGL, Cristina Ferreira, Presidente do STAAESRA, João Ramalho, Presidente do STAAEZC e António Teixeira do STAAEZ Norte.
Josefa Lopes defendeu a ideia de que as Uniões estão esvaziadas de funções porque não oferecem nada, dando o exemplo de uma possível procura pela União para apoio jurídico, algo que não oferecem. Para a Presidente do SDPSul as Uniões oferecem menos que os Sindicatos e com isso esvaziam-se sugerindo que para existirem melhorias é necessária uma 'descriminação positiva para zonas como por exemplo o Alentejo que tem carências diferentes do resto.
Já António Teixeira expôs os problemas que Vila Real apresenta. O interior tem bastantes problemas, mas apontou o exemplo de Viseu, apresentado por Manuel Teodósio como um excelente exemplo. Para Teixeira 'é preciso apostar nas Formações. Mas outra solução pode passar por um financiamento às Uniões diferente do que existe agora'.
Cristina Ferreira apesar de se mostrar cética quanto às Uniões e ao seu futuro, também deu como bom modelo Viseu. Para a Presidente do STAAESRA, a realidade da zona que abrange é muito específica, dando depois o exemplo de como os Concelhos de Setúbal Norte tem mais ligação com Lisboa e os de Setúbal Sul, esses sim a ligarem-se mais ao Sindicato.
A Vice-Presidente do SDPSul, Maria José Rangel, deixou o alerta de que é preciso dar resposta aos trabalhadores. Sentirem-se ajudados e apoiados. Para isso, Maria José referiu que 'temos o cuidade de escolher para os secretariados pessoas que possam dar algo mais', defendendo ainda que 'para que as soluções nas Uniões resultem melhor, o plano de atividades deve ser a nível local'.
O debate fechou com a intervenção de João Ramalho para quem o positivo das Uniões é estarem no terreno, sendo que para o Presidente do STAAEZC têm também um papel importante no apoio a desempregados.
'Foi um dia muito útil'
O encerramento ficou a cargo de João Dias da Silva e de Lucinda Manuela Dâmaso, Presidente da UGT e Vice-Secretária-Geral da FNE.
Dias da Silva considerou ter sido um dia muito útil. Para o Secretário-Geral da FNE 'a partilha de conhecimento que aconteceu foi um objetivo cumprido. Julgo que resultou muito bem esta Conferência porque passamos a reconhecer melhor os problemas e aprendemos que há forma de os resolver. É necessário e fundamental a solidariedade, no sentido que todos contribuímos para que a Central seja mais forte. O nosso papel dentro das Uniões é acicatarmos os líderes'.
A encerrar, Lucinda Dâmaso disse que 'é necessário um tempo de conciliação. Congregar sindicatos e aglutinar os vários polos. Sou uma entusiasta das Uniões. Mas é necessário ajudá-las e a UGT terá que dar o seu apoio. Não nos podemos demitir do nosso trabalho, mas sim melhorá-lo' disse a encerrar a Conferência.
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