Os jovens que abandonam precocemente a escola aos 16 anos com baixas qualificações enfrentam maiores perigos de exclusão social e as suas oportunidades de emprego podem não melhorar mesmo que a economia cresça. Esta é uma das conclusões mais evidentes do recente relatório "Society At a Glance 2016" ("Sociedade em Revista 2016"), da OCDE, para quem é urgente que se combata o abandono escolar precoce e garanta que os jovens obtenham, pelo menos, o 12º ano, para que assim possam continuar a sua educação ou adquiram competências e qualificações profissionais.
De acordo com o relatório, os países da OCDE têm cerca de 40 milhões de jovens NEET (que não estão na Educação, na Formação nem no Emprego), o equivalente a 15 por cento dos jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 29 anos, dois terços deles nem sequer se encontrando numa situação de procura de trabalho. Embora até 40% de todos os jovens vivenciem um período de inatividade ou desemprego superior a quatro anos, para metade deles esse período pode ser ainda mais longo, o que pode levá-los ao desânimo total e à própria exclusão social.
Quase um em cada dez postos de trabalho ocupados por trabalhadores com menos de 30 anos foram destruídos durante a crise. Em Espanha, Grécia e Irlanda, o número de jovens empregados foi reduzido para metade entre 2007 e 2014. Em toda a OCDE, apesar da recuperação, a taxa de emprego dos jovens tem estagnado desde 2010 e hoje está ainda abaixo dos níveis anteriores à crise.
O elevado número de NEET's representa também um custo económico importante, estimado entre 360 e 605 mil milhões de dólares, equivalente a entre 0,9 % e 1,5 % do PIB da OCDE.
No que respeita ao número total de NEET's, Portugal é o 13º da lista com 15,1 %, sendo a Turquia o primeiro com 29,8 %, seguido da Itália (26,9 %), Grécia (24,7 %) e Espanha (22,7 %). Quanto ao desemprego de NEET's, Portugal classifica-se no quarto lugar com 9,5 %, sendo a Grécia o primeiro com 17,8 %, seguido da Espanha (15, 2 %), em segundo lugar, e da Itália (11,4 %) em terceiro. No respeitante a NEET's inativos, o nosso país está no 31º lugar, sendo o primeiro da lista a Turquia (23,8 %), México (18,8 %), Itália (15,5 %) e, em quarto lugar, a Coreia (15,1 %).
Os jovens que concluíram a escola aos 16 anos, sem completar o ensino secundário superior, constituem mais de 30% dos NEET's. Os jovens nascidos no exterior têm, em média, 1,5 vezes mais probabilidade de ser NEET do que os jovens nativos e entre 2 - 2,25 vezes mais prováveis, de o virem a ser na Alemanha, Áustria, Holanda e Noruega.
"É cada vez mais difícil para os jovens com baixas qualificações encontrar um emprego, muito menos um emprego estável", afirmou Stefano Scarpetta, Diretor de Emprego, Trabalho e Assuntos Sociais da OCDE. "A menos que se faça mais para melhorar as oportunidades na educação e formação para todos, há um risco crescente de uma sociedade cada vez mais dividida".
As mulheres são em média 1,4 vezes mais propensas a se tornar NEET do que os homens. Para muitas delas, isso é porque estão a cuidar de crianças pequenas e o alto custo do cuidado com crianças é uma barreira importante para o emprego. Melhorar a qualidade da formação profissional e trabalhar mais estreitamente com os empregadores para se criarem cursos de aprendizagem é também fundamental. Mais países deveriam oferecer incentivos financeiros às empresas para que estas criem vagas de aprendizagem suficientes, especialmente para os jovens mais desfavorecidos.
O relatório "Sociedade em Revista 2016" dá uma visão geral das tendências sociais e da evolução das políticas nos 35 países da OCDE, bem como na Argentina, Brasil, China, Índia, Indonésia, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul.
http://www.oecd.org/social/society-at-a-glance-19991290.htm