28-6-2017
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O Secretariado Nacional da UGT, reunido em Lisboa, na sede da UGT, no dia 28 de Junho de 2017, endereça aos Presidentes das Câmaras Municipais e Presidentes das Assembleias Municipais de Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, parceiros na dor, nas perdas de vidas humanas e no luto provocados pelos incêndios que deflagraram na região no dia 17 de Junho, mas também aos Presidentes das Câmaras e Assembleias Municipais de Góis, Pampilhosa da Serra, Arganil, Alvaiázere, Penela, Sertã e Ansião, ombros amigos e solidários e, também, alguns deles atingidos pelo pavor que destruiu parcelas dos seus territórios, as suas mais profundas e sinceras condolências, expressas num sentido VOTO DE PESAR pelas 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos, para além da destruição da esmagadora maioria das suas áreas florestais, habitações, empresas, postos de trabalho e danos ambientais de valor ainda incalculável que ocorreram nestas terras do interior rural do nosso País.
Importa respeitarmos o silêncio que se impõe pelas vítimas mortais, apanhadas na terrível tempestade de fogo, cujas vidas interrompidas pairam como uma sombra na memória colectiva das vossas terras e do nosso País, que deveremos honrar, bem como às suas famílias enlutadas, que merecem todo o nosso apoio e colaboração e solidariedade.
Mas também devemos aproveitar o momento para exigir a quem determina o ordenamento do território, quem legisla sobre as formas de se plantar e, a partir de agora, de replantar a imensa área ardida, quem decide como fazer a prevenção, como defender as nossas florestas, quem determina as regras que devem respeitar os lugares em que se habita, o meio ambiente, a limpeza de matas e florestas e casas e terrenos circundantes, que actue e de forma célere.
Importa, após este caos, que se tenha a coragem necessária para legislar na defesa das pessoas, dos homens e das mulheres que teimosamente querem continuar a residir no meio rural, em detrimento dos poderes económicos de quem quer que seja.
Tudo, nos tempos de hoje, está assente no primado da economia.
Mas a UGT exige que as pessoas estejam no topo dessa pirâmide. E aí desejamos que quaisquer leis respeitem a vida das pessoas, a sua segurança, o seu bem-estar.
Que respeitem o meio ambiente o verde das nossas florestas.
E para que todo este texto possa ser entendido como praticável, e como tal não ser considerado uma utopia, a UGT sabe que conta com o escrutínio e o apoio de milhões de portugueses, incrédulos com o sucedido, solidários no apoio, rendidos à necessidade de alguma coisa ser feita para evitar que a catástrofe se repita.
É tempo de se valorizar o interior, em comunhão de esforços com os autarcas e com todas as forças vivas, políticas, sociais e económicas que por aquelas regiões do interior português se vão aguentando e investindo e que garantem o desenvolvimento sustentado de Portugal e das suas populações.
Em nome das 64 vítimas mortais, das mais de duas centenas de feridos, das famílias enlutadas, das empresas destruídas, das habitações consumidas pelo fogo, dos postos de trabalho perdidos, da perda de mais de 80% da área florestal destes concelhos e da imagem de desolação de cinzas e pó, da designação macabra dada à ligação rodoviária entre Figueiró e Castanheira de Pêra como “estrada da morte” que devemos contrariar, porque ela é uma estrada de vida, eixo fundamental de ligação entre comunidades que querem viver e prosperar.
É em nome de tudo isto que a UGT reivindica ao Governo e à Assembleia da República, com a alta magistratura do senhor Presidente da República, que estabeleçam um pacto de regime com medidas que consolidem uma nova visão estratégica para a floresta portuguesa, que respeitem o mundo rural, e que um país antigo e pequeno não continue a manter uma visão do interior desajustada, desequilibrada e, sobretudo, injusta e arcaica, como se só nas grandes cidades do litoral existisse vida a respeitar.
Há vida(s) no interior rural de Portugal.
E exigem respeito, consideração e atenção dos poderes públicos, sempre e todos os dias, não apenas nos momentos mediáticos de catástrofes, como aquela que vivemos nos últimos dias e que perdurará muito tempo nas almas e nos corpos de quem lá vive.
Pelo interior, pelos que perderam a vida, pelas famílias de luto, por um Portugal uno, solidário, coeso e inclusivo, contra a desertificação, o envelhecimento, o esquecimento e o abandono, a UGT junta a sua voz e a sua força a todos quantos sofrem.
“IN MEMORIAM” dos que partiram.
Aprovado por Unanimidade e Aclamação
O Secretariado Nacional da UGT
Lisboa, 28 de junho de 2017
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