Lisboa, 05 out 2020 (Lusa) - A Federação Nacional da Educação (FNE) destacou hoje o papel dos professores no combate às desigualdades agravadas pela pandemia da covid-19 e apelou ao desenvolvimento de políticas que valorizem a profissão e a tornem de novo atrativa.
Em declarações à agência Lusa no Dia Mundial do Professor, o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, afirmou que “os educadores e professores portugueses estão, desde março, perante uma situação totalmente inesperada” devido ao aparecimento da pandemia que obrigou ao encerramento das escolas e ao ensino feito à distância.
Apesar do contexto, os docentes têm dado “um sinal enorme de mobilização, de esforço, de empenhamento, de criatividade, de inovação na resposta que foi necessário dar para manter a ligação aos alunos”.
No entanto, mesmo com todo o empenho realizado, “ainda houve alunos que ficaram de fora desse esforço, que não puderam ser abrangidos, mas ninguém nega o esforço que foi realizado pelo educadores e professores portugueses para manterem essa relação”, disse João Dias da Silva.
Agora que o ano letivo está a começar presencialmente, “e era essencial” que assim fosse, “também os professores estão na linha da frente deste combate às desigualdades”
“Nós vimos como foi negativo todo este tempo em que os alunos estiveram fora da escola, como as desigualdades se agravaram, como se provou que a escola pública é importante para combater e diminuir as desigualdades que matam a nossa sociedade, para combater as fragilidades de tantos dos nossos alunos”, declarou dirigente da FNE.
Esta situação, sublinha, representa para os educadores e professores “um esforço enorme de profissionalismo, demonstrativo do seu empenho, da sua mobilização para conseguir enquadrar os alunos, quer aqueles que estão na sala de aulas”, quer os que têm que estar fora dela, porque ficam infetados com covid-19 ou têm de permanecer em quarentena ou porque pertencem a grupos de risco e não devem frequentar a escola.
“Esta diversidade de frentes em que os professores estão hoje envolvidos colocam-nos claramente na linha da frente deste combate à pandemia e desta luta pela equidade da nossa sociedade”, defendeu.
E, por isso, o Dia Mundial do Professor serve este ano para “manifestar este empenho profissional” e para dizer que “não bastam palavras de reconhecimento do papel dos professores”.
Para a FNE, é preciso que haja “políticas de valorização e reconhecimentos dos professores que voltem a tornar atrativa a profissão”.
São necessárias políticas que promovam “o rejuvenescimento da profissão, que garantam as condições adequadas de exercício profissional, com respeito pelos limites dos tempos de trabalho, com respeito pela vida profissional e vida pessoal”, defendeu ainda.
As comemorações do Dia Mundial do Professor fazem-se este ano nas ruas, mas também com transmissões em direto para que mais docentes possam acompanhar as iniciativas que se realizam hoje um pouco por todo o país.
Hastear de bandeiras em várias escolas do país, concertos em direto e diferido e debates transmitidos através da internet foram algumas das atividades escolhidas pelas maiores estruturas sindicais portuguesas para homenagear os docentes no Dia Mundial do Professor.
A pandemia de covid-19 já provocou 2.005 mortes em Portugal e 79.151 casos de infeção confirmados, segundo a DGS.
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