150 mil professores e educadores de todo o país desceram a Avenida da Liberdade em direção ao Terreiro do Paço, naquele que fica marcado como um dos maiores desfiles de protesto de sempre dos docentes portugueses.
Os professores mostraram a uma só voz a luta pela valorização e respeito pela sua profissão, que merecem respeito e reconhecimento pelo seu trabalho e que não desistem de reafirmar a esperança e a confiança de conseguir com que as nossas escolas sejam espaços de desenvolvimento profissional atrativos e aliciantes.
A FNE e os seus sindicatos, que participaram nesta grande manifestação que se iniciou num Marquês de Pombal repleto de cor e de palavras dirigidas ao Governo, quiseram demonstrar na rua que não pode existir sistema educativo de qualidade sem um investimento claro que dê expressão ao que deve ser o reconhecimento do trabalho que todos os docentes promovem nas nossas escolas.
As mensagens de luta e protesto dos docentes e educadores passaram por todas as matérias que têm criado nadas nas negociações levadas a cabo pela tutela até agora com os Sindicatos e que passam por:
Manter em equiparação o valor do índice de topo da Carreira Docente com o topo da Carreira Técnica Superior.
Eliminação da exigência de vagas no acesso aos 5º e 7º escalões.
Revisão do regime de reduções da componente letiva por efeito conjugado da idade e do tempo de serviço.
Revisão do regime de acesso à aposentação.
Recuperação do tempo de serviço congelado e das perdas ocorridas nas transições de carreira e das indevidas ultrapassagens.
Revisão da formulação da composição do tempo de trabalho dos docentes, assegurando um efetivo respeito pelos limites do tempo de trabalho.
Eliminação da precariedade que afeta os docentes a exercer funções como técnicos especializados e nas atividades extracurriculares.
Determinação de aumentos salariais que compensem a sistemática perda do poder de compra.
Revisão da Mobilidade por doença.
O Secretário-Geral da FNE, João Dias da Silva, no discurso de saudação realizado perante um Terreiro do Paço repleto, começou por sublinhar que "Todos disseram até agora e é sempre afirmado que o papel do professor é essencial para a construção da sociedade. Os educadores e professores portugueses provam-no todos os dias no trabalho inexcedível que desenvolvem nas nossas escolas. É com o seu trabalho que ultrapassam as enormes insuficiências de um sistema de educação e formação no qual tão pouco se tem investido ao longo de tantos e tantos anos. Muita gente e muitos políticos reconhecem esse enorme esforço e essa enorme mobilização. Mas o que falta, o que tem faltado é que esse reconhecimento se traduza na sua valorização", acrescentando ainda que "E é por isso que os educadores e professores portugueses acumulam hoje na sua insatisfação, quer a sucessão de políticas erradas na gestão da carreira docente, quer a ausência de medidas adequadas aos problemas que há muito foram identificados. Faz todo o sentido dizer que se querem melhor educação, tratem bem os que cá estão!".
Os professores saíram à rua para denunciar a falta de justiça e de respeito, com João Dias da Silva a lembrar que "Não pode mais continuar a precariedade. É preciso que os jovens professores tenham direito a uma perspetiva de emprego estável. É preciso que se assegure um regular desenvolvimento das carreiras que reconheça o trabalho que é realizado todos os dias com enorme empenho. É preciso que a aposentação seja atingida em tempo e em condições que permitam a vida com dignidade. É preciso que se respeitem os limites do tempo de trabalho e que se promova realmente a conciliação do tempo de vida profissional com o respeito pela vida pessoal e familiar", sublinhou.
A fechar, o líder da FNE reforçou que "Temos, portanto, toda a razão para estar aqui hoje, porque este Governo não há meio de abrir os olhos e agir com medidas concretas que visem a valorização da nossa carreira e das nossas condições de trabalho. Estamos seguros de que uma educação de qualidade passa necessariamente por educadores e professores reconhecidos e valorizados e que esse reconhecimento e valorização tem de ter respostas rápidas e concretas por parte do Ministério da Educação. Sem essas respostas rápidas e concretas, não deixaremos de continuar a lutar até que finalmente o governo reconheça a nossa razão. Não desistimos da nossa profissão. Não desistiremos de a defender!".
O discurso de João Dias da Silva, SG da FNE
Foram ainda divulgadas as formas de luta para aos próximos tempos e que passam por:
- Semana de 13 a 17 de fevereiro: Semana de Luto e de Luta nas Escolas, ficando ao critério de cada escola operacionalizar estes dias, que poderá passar por colocar faixas negras à entrada, vestir de negro durante a semana, ter iniciativas à porta das escolas principalmente nos dias 15 e 17, dias em que ocorrem as reuniões com o Ministério da Educação.
- Momento 4D: 4 dias de debate democrático pela dignificação da profissão nos dias 23,24, 27 e 28 que inclui votações em todas as escolas das propostas apresentadas pela tutela e se merecem ou não acordo. Será ainda colocada a possibilidade de escolha de quais lutas se devem seguir em caso da não obtenção de resultados negociais.
- Voltar à greve por distritos ou pelos QZP's ou fazer novas manifestações, são hipóteses em cima da mesa. Os pré-avisos de greve foram assinados hoje (sábado) e a proposta é que essas greves e manifestações ocorram em dias e locais diferentes: dia 2 de março do ditrito de Coimbra para norte, com manifestação no Porto. E no dia 3, do distrito de Leiria para sul, com protesto marcado para as ruas de Lisboa.
O Secretário-Geral da UGT, Mário Mourão, vários membros do Secretariado Executivo da UGT, e o Secretário-Geral da FESAP, José Abraão, marcaram presença no desfile, assim como a Diretora Europeia do CSEE, Susan Flocken e José Augusto Cardoso, Secretário-Geral da CPLP-SE (Confederação Sindical da Educação dos Países de Língua Portuguesa) em solidariedade com todos os educadores e professores portugueses. Foi ainda lida uma mensagem de David Edwards, Presidente da Internacional da Educação, mostrando também toda o apoio ao prostesto dos docentes nacionais.
Este protesto veio mostrar mais uma vez que os profissionais da Educação, que todos os dias demonstram nas escolas de Portugal com o seu trabalho que merecem ser respeitados e prestigiados, não perdoam desconsiderações. Os educadores e professores portugueses cumprem com empenho e dedicação o que são os seus deveres. Aquilo que este desfile reforçou foi o pedido que quem de direito não deixe de cumprir as suas responsabilidades e que os docentes portugueses estão disponíveis para as lutas que forem necessárias, para garantir que lhes seja reconhecido o que é seu de direito e de justiça. E, quanto a isto, ficou dado mais um sinal de que não vão desistir.
Relembrar que nos próximos dias 15 (15h) e 17 de fevereiro (10h) vão realizar-se duas reuniões de negociação entre Sindicatos e Ministério da Educação.
Recorde aqui as melhores imagens em vídeo deste enorme protesto dos Professores portugueses
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