Consulta Nacional da FNE a docentes: 84,1% não aconselha jovens a seguir a docência

10-11-2023

Consulta Nacional da FNE a docentes: 84,1% não aconselha jovens a seguir a docência

Mais uma vez a FNE desenvolveu uma consulta online para recolher a opinião de educadores e professores portugueses em relação às suas perspetivas sobre a carreira, o reconhecimento profissional e sobre as condições de abertura do novo ano letivo.

O estudo foi realizado entre os dias 13 e 20 de outubro, a partir de uma amostra de 2.138 docentes que, no corrente ano letivo, lecionam nos níveis de ensino da Educação Pré-escolar, 1.º, 2.º, 3.º Ciclos do Ensino Básico, Ensino Secundário, Educação Especial e Ensino Profissional, em Portugal Continental e nas Regiões Autónomas.

Os resultados do inquérito demonstram que o descontentamento em relação à situação remuneratória se mantém, com 97,1% dos respondentes (tinham sido 96,7% no ano passado) a sublinhar que a sua remuneração não está ao nível das qualificações que são exigidas para o exercício profissional, 22% dos quais trabalham em mais do que um nível/ciclo de ensino, o que desde logo deixa antever uma maior pressão sobre os profissionais da educação, em termos de quantidade (excesso) de trabalho.

Mas são mais as insatisfações demonstradas pelos docentes nas respostas à consulta da FNE, destacando-se o número de educadores e professores que não aconselhariam um jovem a ser professor: 84,1%, o que é idêntico ao número registado no ano passado (86,4%), juntando-se a estes dados a nota sobre o reconhecimento social pela profissão docente, com 82,9% dos respondentes a considerar que ele é negativo.

91,9% afirma que as políticas educativas do governo são insuficientes ou muito insuficientes e no que respeita ao grau de inclusão do sistema educativo 61,0% dos participantes considera-o negativo. Os docentes de 50 a 59 anos e de 40 a 49 são aqueles que atribuem a percentagem mais negativa ao grau de inclusão.

Novidade na consulta deste ano foram algumas questões sobre a utilização de telemóveis na aula e no recreio, assim como a utilização de manuais digitais no processo de ensino-aprendizagem. Verificou-se que 67,9% discorda da utilização do telemóvel nas suas aulas, enquanto 32,1% concorda. Já sobre a utilização de telemóveis no recreio das escolas 76,7% discorda e 23,3% concorda. Quanto à utilização de manuais digitais, 69,8% mostrou-se contra e 30,2% a favor.

A burocracia continua a ser uma das maiores insatisfações dos docentes. E esta consulta procurou conhecer a perceção dos respondentes sobre as medidas anunciadas para a desburocratização da atividade docente, constantes de uma lista de simplificação definida pelo Ministério da Educação. 63% dos respondentes classificaram negativamente as medidas anunciadas pela tutela e 77,6% afirmam que, na respetiva escola, não foram adotadas medidas no sentido de diminuir a carga burocrática do trabalho, a que são chamados a realizar.

Finalmente, o questionário procurou saber a perceção dos respondentes sobre as prioridades reivindicativas que mais os preocupam. Pode registar-se que há uma fortíssima coincidência ao nível das seguintes questões:

  • Recuperação total do tempo de serviço não contabilizado (congelado e transições carreira);
  • Abolição de vagas no acesso aos 5.º e 7.º Escalões;
  • Alteração / Eliminação do atual modelo de Avaliação de Desempenho Docente (ADD);
  • Valorização salarial;
  • Estabilidade profissional.

E ainda:

  • Clarificação da Componente Letiva (CL) e da Componente Não Letiva (CNL);
  • Combate à indisciplina (autoridade do docente);
  • Eliminação de tarefas administrativas e burocráticas (professor a tempo inteiro);
  • Alteração das regras da Mobilidade por Doença (MPD);
  • Alteração das condições de acesso à aposentação.


Porto, 10 de novembro de 2023

A Comissão Executiva da FNE


Consulte aqui o Relatório completo com os resultados desta consulta