Porque é que os professores estão pouco motivados para a formação contínua?

29-10-2015

Porque é que os professores estão pouco motivados para a formação contínua?
Especialistas afirmam que 85% dos professores não tem incentivos suficientes e defendem, tal como a FNE há muito reivindica, uma reformulação da educação-formação permanente.

Javier Valle é professor na Universidade Autónoma de Madrid e um dos três autores do livro "Formação de professores: tendências e desafios", apresentado a 28 de outubro, em Lisboa, onde revela que a formação contínua de professores é essencial para o sucesso dos alunos, mas a grande maioria dos docentes portugueses sente-se pouco incentivada a fazê-la.

O livro oferece um conjunto de reflexões feitas por três especialistas em educação: o professor António Mouzinho, a investigadora italiana Francesca Caena, e o especialista em educação Javier M. Valle.

Da obra consta uma revelação preocupante: a grande maioria dos professores espanhóis (80%) e portugueses (85%) sente que não recebe incentivos suficientes para participar na formação contínua, segundo o Inquérito Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (TALIS), promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O livro revela também que maioria dos professores trabalha em escolas sem qualquer programa formal de indução. É o caso de Brasil, Espanha, México, Polónia e Portugal, onde entre 70% a 80% dos professores trabalham em centros educativos onde não existe tal programa de indução.

Para a FNE e para os seus Sindicatos, a formação contínua foi sempre entendida como um elemento essencial para o crescimento ou para o desenvolvimento profissional dos docentes portugueses. Constitui uma exigência dos avanços científicos e tecnológicos, aos quais se impunha estar atento, como é também um pressuposto essencial para o estatuto da carreira.

Muito antes de haver fundos comunitários que permitiram a expansão da oferta formativa, já os Sindicatos membros da FNE e ela própria se envolviam em múltiplas ofertas de formação contínua, amplamente reconhecidas pela sua qualidade e pela sua proximidade em relação às necessidades dos docentes.

Consideramos essencial que o enquadramento da formação contínua constituísse um quadro flexível e que acolhesse os interesses de todos os docentes e particularmente o direito à liberdade de escolha de formação contínua que cada um considerar adequado ao seu desenvolvimento profissional.

Por isso a FNE, aquando da negociação em 2013 da revisão do regime jurídico da formação contínua, foi particularmente exigente na garantia do pleno exercício da liberdade de constituição de centros de formação e de frequência das ações de formação.