A escola como garantia de igualdade e equidade na sociedade

23-4-2018

A escola como garantia de igualdade e equidade na sociedade
O Évora Hotel foi o local escolhido para a realização da quarta Conferência do Ciclo de Conferências 2018 que a FNE organiza em conjunto com a UGT, CEFOSAP, ISCTE-IUL, CBS e a UFP, que se vai estender ainda a Coimbra, Braga, Viseu, Leiria, Bragança e Lisboa.

João Dias da Silva, Secretário-Geral da FNE, na sessão de abertura, deu as boas-vindas a uma sala cheia, sublinhando no seu discurso a ideia de que é fundamental atingirmos o máximo por uma Escola inclusiva em que todos são valorizados. Esta foi uma opinião partilhada por Josefa Lopes, Presidente do SDPSul que alertou também para o problema das desigualdades, relativamente ao qual Portugal está na cauda da Europa, salientando a importância da educação para esbater esta situação. Carlos Silva, Secretário-Geral da UGT, reforçou o papel importante que estas Conferências têm no sentido de serem discutidas matérias importantes para o futuro da educação até a nível regional e pela valorização do território que este ciclo cumpre, indo a vários pontos do país, ouvindo os problemas localmente.

O primeiro conferencista convidado a intervir foi Arnaldo Frade, Delegado Regional do IEFP Alentejo, que começou por comentar dados que demonstram um novo paradigma com a descida do número de desempregados em cerca de 5200, fruto de um maior investimento que se vem a verificar na zona do Alentejo. Arnaldo Frade alertou que a formação é um problema na zona, pois muitas vezes as empresas procuram trabalhadores, mas falta qualificação para as necessidades pedidas. O conferencista defendeu ainda o quanto é importante valorizar as pessoas, principalmente com salários justos, que motivem quem trabalha. Especificamente sobre o Alentejo, Arnaldo Frade deixou a ideia forte de que a zona se encontra numa encruzilhada e que é necessário que os vários atores económicos da zona, sejam privados ou públicos, se unam na criação de uma rede que crie bons caminhos para todos de forma a captar novos residentes e pessoas interessadas em trabalhar na zona.

Após a intervenção de Arnaldo Frade, os comentários ficaram a cargo de Nuno Alas (Ex diretor do Centro de Formação Profissional de Évora e Técnico Superior do IEFP), José Ramalho (Diretor do Centro Distrital de Évora / Instituto da Segurança Social), Christian Santos (Diretor da Mecachrome de Évora) e Vanessa Pereira (Responsável pelo Departamento de Recursos Humanos da Tyco). Todos os comentadores convergiram na mesma ideia: É necessário mudar a forma como pensamos a Escola atualmente e fazer ver à sociedade a importância e o papel importante que o ensino profissional também tem. Além disso foram também discutidos novos desafios que a área do Alentejo pede, como sejam a subida da taxa de alfabetização, dar continuidade a políticas de formação, ter iniciativa regional, criar modos de atração de pessoas para a zona onde a indústria da aeronáutica oferece constantemente novas oportunidades de trabalho. O primeiro painel de comentadores defendeu também a necessidade de identificar na base e perceber por onde se deve construir o caminho, mudar mentalidades sociais, requalificar pessoas com ajuda do IEFP, contribuindo desta forma para o desenvolvimento pessoal e económico da população da zona.

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Bravo Nico, Coordenador do Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora, trouxe à Conferência a preocupação sobre a desigualdade crescente entre regiões de baixa densidade populacional no país. Para Bravo Nico a educação devia ser garantia de promoção da igualdade e de equidade nas oportunidades que as pessoas vão ter no resto da sua vida, defendendo ainda que a qualificação é condição fundamental para que não exista desigualdade territorial como aquela a que agora assistimos. O conferencista afirmou que não basta garantir o acesso à educação: é necessário garantir também a qualidade da frequência e promover as condições para o sucesso. Assim atingiremos a igualdade e ficamos mais perto de pôr em prática esse mesmo sucesso. O conferencista apresentou ainda números que mostraram como na maioria das zonas do Alentejo se verificaram desistências de alunos na passagem do 2º para o 3º ciclo, demonstrando a imagem de despovoamento e falta de qualificação que atinge esta zona do país. A fechar, Bravo Nico deixou o aviso: é necessário além da aposta na qualificação e no território, alterar as políticas de: emprego, habitação, fiscais, apoio social e económicas.

A intervenção de Bravo Nico foi comentada por um painel composto por Agostinho Arranca (Professor do Agrupamento de Escolas de Vila Viçosa), Lurdes Brito (Diretora do Agrupamento de Escolas nº 4 de Évora), Raul Rasga (Professor da EPRAL) e Luís Romão (Professor no Agrupamento de Escolas de S. Lourenço - Portalegre). Também neste painel existiu unanimidade quanto ao que foi dito pelo conferencista. Todos concordaram que as políticas têm que mudar, que o papel do Estado tem de ser melhor, que a Escola em Portugal não é do séc.21 e que é cada vez mais preciso ter docentes preparados para as novas tecnologias e desafios do mundo moderno. É necessário criar uma estratégia de apoio educativo onde não se permitam descriminações, nem desigualdades entre os alunos. A única descriminação aceite é a descriminação positiva. A oferta formativa tem de ser adaptada às necessidades das empresas e as políticas educativas têm de ser diferentes para o interior, pois na opinião geral do painel, as leis estão feitas à medida das grandes cidades.

O encerramento ficou a cargo de Ana Isabel Machado (Diretora do Centro Local do Alentejo Central da ACT), Joaquim Gomes, Presidente da UGT-Évora e João Dias da Silva, Secretário-Geral da FNE. A mensagem transmitida no final foi a de que é fundamental dar à Escola um lugar privilegiado de forma a alcançarmos uma sociedade mais justa. João Dias da Silva congratulou todos os participantes pelo seu contributo positivo e terminou realçando a cada vez maior necessidade de se construir a ideia de se desenvolverem políticas de educação dirigidas a realidades locais e com políticas governamentais duradouras.