<![CDATA[Notícias]]> https://fne.pt Thu, 05 Jun 2025 05:24:08 +0100 Thu, 05 Jun 2025 05:24:08 +0100 (fne@fne.pt) fne@fne.pt Goweb_Rss http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss <![CDATA[A Comunicação Social: Guardiã da Verdade ou Instrumento de Manipulação?]]> https://fne.pt/pt/blog/detail/id/23 https://fne.pt/pt/blog/detail/id/23

Vivemos numa era em que a informação é abundante, instantânea e, paradoxalmente, profundamente manipulável.

A comunicação social (imprensa, rádio, televisão, plataformas digitais) é, sem dúvida, um dos pilares das sociedades modernas. Mas até que ponto cumpre verdadeiramente o seu papel de informar de forma isenta e construtiva? E quando é que deixa de ser reflexo da realidade para se transformar num veículo que seleciona, distorce ou omite factos ao serviço de interesses específicos?


É uma questão desconfortável, mas necessária
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A comunicação social não se limita a transmitir factos. Ela interpreta-os, escolhe a forma como são apresentados, decide que vozes terão visibilidade e quais serão ignoradas. Essa construção editorial é, por natureza, um ato de poder. Ao decidir qual o destaque de uma notícia e o que ficará escondido nas entrelinhas, ou sequer será noticiado, a comunicação molda o que chamamos de opinião pública. Mas até que ponto essa opinião é genuinamente pública? Não será, muitas vezes, fabricada conforme interesses privados, políticos ou económicos?

Um dos sinais mais evidentes dessa tendência está na forma como diferentes atores sociais e políticos são tratados. Uns são apresentados de forma positiva, com destaque e simpatia editorial. Outros, por sua vez, são sistematicamente retratados de forma negativa, reduzidos a estereótipos, mal interpretados ou, simplesmente, ignorados. E raramente se explicam os critérios por detrás dessa diferença de tratamento. O público consome a informação sem compreender o que levou aquele ator a ser valorizado e outro a ser descredibilizado.

É evidente que muitos órgãos de comunicação têm uma linha editorial. Isso, por si só, não é necessariamente negativo. Ter uma visão clara do mundo pode significar coerência. O problema surge quando essa visão é disfarçada sob uma aparência de neutralidade. Quando a suposta imparcialidade serve para mascarar escolhas estratégicas e omissões intencionais. Quando o dever de informar cede lugar à vontade de influenciar.

Não se trata de culpar jornalistas individualmente, mas de questionar um sistema. Um sistema onde grandes grupos de media concentram poder, onde algoritmos favorecem o que gera cliques em vez do que esclarece, onde a urgência de ser o primeiro a noticiar compromete a verificação dos factos. Um sistema que simplifica a complexidade do mundo para alimentar narrativas fáceis, fomentando divisões e alimentando preconceitos, muitas vezes sem que o leitor ou o espectador perceba quem define o rumo dessas narrativas.

Impõe-se a pergunta: ao serviço de quem está, de facto, a comunicação social? Do cidadão ou de interesses ocultos por trás das manchetes? E que papel podemos nós desempenhar neste cenário?

Talvez o primeiro passo seja exatamente este: questionar. Duvidar, cruzar fontes, procurar o que não é dito, confrontar discursos. Informar-se com espírito crítico é, hoje, um ato de resistência. E exigir uma comunicação social mais transparente, ética e plural é um dever coletivo em nome da democracia e da verdade.

Porque, em última análise, a comunicação social pode ser tanto uma aliada da liberdade como uma ferramenta de alienação. A escolha e a vigilância cabem a cada um de nós.


Porto, 4 de junho de 2025


Pedro Barreiros




As opiniões expressas neste espaço são da inteira responsabilidade do autor.




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Wed, 04 Jun 2025 00:00:00 +0100
<![CDATA[A valorização da carreira docente e a recuperação do tempo de serviço: um passo essencial para o futuro da educação!]]> https://fne.pt/pt/blog/detail/id/22 https://fne.pt/pt/blog/detail/id/22

Nos últimos anos, Portugal, tal como muitos outros países europeus, tem enfrentado uma escassez crescente de professores, com impactos negativos profundos na qualidade das aprendizagens, como evidenciado na mais recente edição do Education at a Glance da OCDE. Este problema estrutural exige medidas concretas de valorização da profissão docente, sendo uma das mais relevantes a recuperação do tempo de serviço congelado, acordada entre a FNE e o MECI a 21 de maio de 2024.

Esta medida representa um avanço significativo, não só por razões de justiça e equidade, mas também porque introduz alguma tranquilidade entre os profissionais da educação, contribuindo para restaurar parte da atratividade da carreira. Ao permitir o reposicionamento dos docentes no ponto da carreira onde deveriam estar, sem retroativos nem compensações pelos rendimentos perdidos, corrige-se parcialmente uma injustiça prolongada, ainda que sem reverter os danos financeiros acumulados durante o congelamento.

É importante sublinhar que esta valorização vai muito além do impacto individual. Ao recuperar a dignidade da profissão, cria-se um ambiente mais favorável à recomendação da carreira a novas gerações. Um professor que hoje se sente respeitado e valorizado terá mais probabilidade de encorajar os seus alunos a seguir o mesmo caminho, contrariando a tendência de desmotivação provocada por anos de desvalorização.

Ainda assim, continua a ser recorrente o argumento das dificuldades orçamentais para limitar ou contestar este tipo de medidas. No entanto, calcular os custos da recuperação do tempo de serviço dos professores sem estimar os efeitos positivos nas aprendizagens, e consequentemente no crescimento futuro da produtividade e da economia, como se verifica num recente estudo da NOVA SBE, constitui uma falha grave. Trata-se de uma visão míope e imediatista da despesa pública, que ignora o caráter estrutural e transformador do investimento na educação. A melhoria das condições de trabalho dos professores tem reflexos diretos na qualidade do ensino, na equidade do sistema educativo e na preparação das futuras gerações para os desafios sociais e económicos.

A insistência no “esforço financeiro” necessário para esta medida levanta também questões relevantes.

Se não tivesse existido assistência financeira externa, estaríamos hoje dispostos a admitir cortes salariais ou na força docente em funções? Em 2027, quando termina o processo de recuperação do tempo de serviço congelado, seria viável manter o direito constitucional à educação sem assegurar condições dignas aos profissionais que a garantem?

Neste contexto, é essencial lembrar que o Estatuto da Carreira Docente (ECD) começou a ser revisto, com o objetivo de valorizar os professores e tornar a profissão mais atrativa, sobretudo para os jovens. Esta atratividade não depende apenas do salário inicial, mas da certeza de que a carreira oferece estabilidade, reconhecimento e justiça. É essa perceção que pode garantir o futuro da profissão e do próprio sistema educativo.

A recuperação do tempo de serviço representa, assim, muito mais do que uma medida administrativa ou financeira: é um ato de reconhecimento, um instrumento de correção de desigualdades e um investimento inteligente no desenvolvimento sustentável de Portugal.


Lisboa, 20 de maio de 2025


Pedro Barreiros
Secretário-Geral da FNE



As opiniões expressas neste espaço são da inteira responsabilidade do autor.

 

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Tue, 20 May 2025 00:00:00 +0100
<![CDATA[Não, o Ministério da Educação não é (nem nunca foi) um “Ministério dos Professores”!]]> https://fne.pt/pt/blog/detail/id/21 https://fne.pt/pt/blog/detail/id/21
Ciclicamente, surgem discursos que ganham força não pela precisão, mas pela simplicidade com que distorcem realidades complexas. Um desses discursos afirma que “há 50 anos temos um Ministério dos Professores, mas nunca tivemos um Ministro dos Alunos”. À primeira vista, a frase pode parecer provocadora; no entanto, esconde uma visão redutora do papel do Ministério da Educação e encobre os verdadeiros motivos e interesses de quem a profere.

Antes de mais, importa esclarecer o óbvio: o Ministério da Educação deve ser uma estrutura orientada para o desenvolvimento de políticas públicas dirigidas a todos os intervenientes no sistema educativo: professores, dirigentes, famílias e, sobretudo, alunos. O seu objetivo central é assegurar o direito à educação, o que implica desde a valorização dos profissionais até à promoção do acesso, permanência e sucesso dos estudantes. Reduzir o Ministério a uma suposta “estrutura sindical dos docentes” é um erro, tanto conceptual como factual.

A valorização dos professores, frequentemente apresentada como um privilégio corporativo, está longe de ser um favor. Trata-se, na verdade, de uma condição essencial para o bom funcionamento do sistema educativo. Nenhum país no mundo alcançou bons resultados sem investir seriamente na formação, nas condições de trabalho e na remuneração dos seus docentes. Fortalecer os professores é fortalecer os alunos, porque uns não existem sem os outros.

Além disso, o Ministério da Educação tem vindo, ao longo das últimas décadas, a implementar políticas diretamente orientadas para os estudantes. Os exemplos são inúmeros: a Ação Social Escolar, que assegura apoios como refeições, manuais escolares gratuitos e bolsas de estudo; os programas de reutilização e distribuição gratuita de manuais; as medidas de promoção do sucesso escolar, que combatem o insucesso e o abandono; ou as reformas curriculares, concebidas para diversificar percursos e aproximar a escola das aspirações dos jovens. Afirmar que não existem políticas dirigidas aos alunos é ignorar deliberadamente esta realidade.

Culpar os professores ou as organizações que os representam, insinuando que os seus interesses se sobrepõem aos dos alunos, é um erro que apenas aprofunda divisionismos. O caminho para melhorar a educação não passa por colocar professores e alunos em lados opostos, mas por reconhecer que os seus destinos estão profundamente entrelaçados.

Sem bons educadores, não há educação de qualidade. Por isso, é fundamental garantir uma formação inicial e contínua exigente e relevante, remunerações compatíveis com a qualificação exigida, condições de trabalho dignas e uma carreira docente valorizada.

O que falta à escola pública não são frases de efeito, mas compromissos reais, firmes, concretos e duradouros em todas as suas dimensões.


Porto, 12 de maio de 2025


Pedro Barreiros



As opiniões expressas neste espaço são da inteira responsabilidade do autor.


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Mon, 12 May 2025 00:00:00 +0100
<![CDATA[O(s) desafio(s) da incerteza]]> https://fne.pt/pt/blog/detail/id/20 https://fne.pt/pt/blog/detail/id/20
Na Educação em Portugal persistem desafios complexos que exigem análise profunda e uma ação empenhada de todos os intervenientes.

A FNE tem vindo a alertar para os problemas estruturais que persistem e que comprometem a qualidade da educação e o nosso futuro coletivo, não apenas no que toca aos Professores, mas também a todos os Profissionais da Educação.

A incerteza paira sobre a mesa de negociações do Estatuto da Carreira Docente (ECD). A enorme importância que a revisão do ECD pode ter na melhoria da atratividade da profissão docente cria um clima de apreensão e expectativa. As mudanças aceleradas no mundo, em áreas como tecnologia, economia e sociedade, tornam difícil prever o futuro da educação e, consequentemente, as necessidades da profissão docente nas próximas décadas.

Somos desafiados a encontrar as competências, habilitações e conhecimentos necessários para responder a um mundo em constante transformação e a forma como o Estatuto pode responder a essa necessidade de desenvolvimento profissional.

A forma como o desempenho docente é avaliado precisa ser revista à luz das novas realidades e desafios. Como garantir uma avaliação justa, que valorize a qualidade do ensino e motive os professores, neste contexto de incerteza e mudança constante?

A progressão na carreira docente precisa ser repensada para incentivar a formação contínua, a inovação pedagógica e o compromisso com a escola. Como conciliar a estabilidade e a segurança dos professores com a necessidade de adaptação e flexibilidade?

O envelhecimento do corpo docente é uma realidade que precisa ser considerada na negociação do Estatuto. Importa valorizar os docentes que estão em exercício por forma a garantir a sua continuidade e apoiar a mudança geracional que se prevê, bem como atrair jovens para a profissão e garantir a transmissão de conhecimento e experiência entre gerações.

A incerteza e a pressão sobre os professores e educadores têm aumentado, afetando a sua saúde e bem-estar. O Estatuto deve contemplar medidas que promovam melhores condições de trabalho, como a redução da burocracia, o aumento do tempo individual de trabalho e a clarificação das diversas componentes de trabalho.

Após o acordo histórico da recuperação do tempo de serviço, com o qual a FNE conseguiu repor justiça na progressão na carreira dos docentes, esta negociação do ECD deverá servir para garantir um desenvolvimento de carreira apelativo, mobilizador e condições de trabalho mais adequadas à necessidade de desenvolver processos de ensino e aprendizagem.

A negociação do ECD no atual contexto exige diálogo, flexibilidade e uma visão de curto, médio e longo prazo. É fundamental que o Ministério da Educação, Ciência e Inovação, as organizações sindicais e os professores se esforcem para construir um Estatuto da Carreira Docente que responda aos desafios do presente e prepare para os desafios do futuro.

A FNE reforça o seu compromisso na defesa de um Estatuto da Carreira Docente que valorize a profissão, promova a qualidade da educação e garanta um futuro promissor para as próximas gerações.


Porto, 31 de Janeiro de 2025

Pedro Barreiros



As opiniões expressas neste espaço são da inteira responsabilidade do autor.


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Tue, 11 Feb 2025 00:00:00 +0000
<![CDATA[FNE comemora 42 anos: Investir na Educação. Garantir o Futuro. ]]> https://fne.pt/pt/blog/detail/id/19 https://fne.pt/pt/blog/detail/id/19
Nesta data especial, refletimos sobre o papel fundamental da Federação Nacional da Educação (FNE) ao longo das últimas quatro décadas na defesa dos trabalhadores que representa e no desenvolvimento da educação em Portugal.

Fundada no dia 3 de novembro de 1982, a FNE foi a primeira federação de sindicatos de professores em Portugal. Em 1989, ampliou a sua representatividade para incluir os Trabalhadores Não Docentes (Pessoal de Apoio Educativo) e, em 2010, adotou a sua denominação atual: Federação Nacional da Educação.

Ao longo destes anos, a FNE tem negociado, agido e lutado em nome dos docentes de todos os níveis de ensino, incluindo o Ensino Português no Estrangeiro (EPE), bem como do ensino privado, social e cooperativo. Além disso, representa Assistentes Operacionais, Assistentes Técnicos e Técnicos Especializados, cuja contribuição é vital para o sucesso educativo.

É com grande orgulho que enfatizamos o papel, o impacto e o contributo que a FNE tem demonstrado na luta pelo desenvolvimento do sistema educativo, das condições de trabalho e das carreiras, apresentando respostas e soluções aos diversos desafios enfrentados. 

Embora as nossas lutas tenham sido longas, a perseverança da FNE deu-nos razão, pois acreditamos que, para construir um país melhor e mais desenvolvido, é na educação que devemos investir.

A ação sindical da FNE tem sido corajosa e eficaz. Foi essa coragem que possibilitou a celebração de importantes acordos, resultando em conquistas significativas na valorização do trabalho e das carreiras dos profissionais da educação em Portugal.

Os trabalhadores da educação sabem que podem contar com a FNE na sua defesa.

Associado às comemorações do 42.º aniversário, a FNE, promove no próximo dia 9 de novembro de 2024, na Fundação Eng. António Almeida, no Porto, o Fórum FNE 2024, este ano com o tema "MELHOR EDUCAÇÃO com carreiras valorizadas, atrativas e mobilizadoras". Este Fórum assume-se como um lugar privilegiado de reflexão sobre as profundas transformações da escola da educação, especialmente no que diz respeito às condições de trabalho dos profissionais da educação e à necessidade de um quadro legal que valorize as suas carreiras.

Que cada uma das nossas ações, intervenções, sugestões e reivindicações sejam mais um passo em frente na jornada de transformação, melhoria e inovação da educação portuguesa.

Esse continuará a ser o nosso caminho... passo a passo sem nunca perder o foco, a alegria e a Esperança! 


Porto, 2 de Novembro de 2024

Pedro Barreiros



As opiniões expressas neste espaço são da inteira responsabilidade do autor.


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Sat, 02 Nov 2024 00:00:00 +0000